sexta-feira, 26 de março de 2010

Carta do Jogo

CARTA DO JOGO

INTRODUÇÃO

Um jogo que começou como um simples passatempo transformou-se num sistema global em que foram construídos vários grandes estádios, criada uma vasta estrutura administrativa e delineadas complexas estratégias.O Rugby , tal como outras actividades, que atraem o interesse e o entusiasmo de todos os tipos de pessoas, tem muitos lados e faces.

Além da área relativa ao jogo em si e ao suporte a ele relacionado, o Rugby engloba um número de conceitos sociais e emocionais, tais como a coragem, a lealdade, o espiríto desportivo, a disciplina e o trabalho de equipa.Esta Carta dá ao jogo um a lista de pontos que permitam que o modo de jogo e o comportamento possam ser avaliados.Tem como objectivo assegurar que o Rugby mantenha o seu caracter único quer dentro quer fora do campo de jogo.

A Carta cobre os pricípios básicos do Rugby no que respeita ao jogo em si e ao treino, e à criação e aplicação das Leis do Jogo. Espera-se que esta Carta, que é um importante complemento das Leis do Jogo, fixe os standards para todos aqueles que estão envolvidos no Rugby qualquer que seja o seu nível de envolvimento.

PRINCÍPIOS DO JOGO

Conduta

A lenda de William Webb Ellis, que está registado na história como tendo sido o primeiro a pegar na bola e correr com ela, tem sobrevivido a imensuráveis teorias desde esse dia, em 1823, na Rugby School ( Escola da cidade inglesa de Rugby ). Que o jogo tenha as suas origens num acto de desafio espiritual é de algum modo apropriado.

Numa primeira observação é difícil encontrar os princípios básicos que estão atrás de um jogo que, para o observador ocasional, parece conter um largo conjunto de contradições. É perfeitamente aceitável, por exemplo, ver ser exercida uma grande pressão física sobre um adversário, mas não lhe infligir qualquer lesão por acto desleal ou malicioso.

Há fronteiras em que os jogadores e os árbitros devem operar e é da sua a capacidade para fazer está fina distinção, combinada com o controlo e disciplina, quer individual quer colectiva, de que este código de conduta depende.

Espírito

O Rugby deve muito do seu atractivo ao facto de ser jogado de acordo quer com a letra quer com o espírito das Leis. A responsabilidade para que isso aconteça não cai num só individuo – envolve treinadores, capitães de equipa,jogadores e árbitros.

É através da disciplina, controlo e respeito mútuo, que o espirito do jogo se desenvolve e, no contexto de um jogo tão exigente como o Rugby, são essas qualidades que forjam a camaradagem e o sentido de “fair play” tão essenciais para o seu sucesso e a sua sobrevivência.

Tradições e virtudes antiquadas possam ser consideradas, mas elas resistiram ao tempo e, em todos os níveis a que o jogo é praticado, elas continuam a ser tão importantes para o futuro do Rugby como o foram através do seu longo e distinto passado. Os princípios do Rugby são o elemento fundamental em que o jogo se baseia e permite aos seus praticantes identificar o seu carácter, que faz dele um desporto tão distinto.

Objecto (Finalidade?)

O Objecto do Jogo é que duas equipas, cada uma com quinze jogadores, jogando lealmente de acordo com as Leis e com espírito desportivo, poderem marcar o maior número de pontos possíveis transportando, passando, pontapeando a bola e fazendo o toque-no-solo.

O Rugby é jogado por homens e mulheres e por rapazes e raparigas em todo o mundo. Mais de três milhões de pessoas com idades entre os 6 e os 60 jogam regularmente.

A vasta gama de requisitos técnicos e fisicos necessários para a prática do jogo implica que haja oportunidade para a sua prática, em todos os níveis, para indivíduos de todos tamanhos, dimensões e aptidões.

Disputa e Continuidade

A disputa pela posse da bola é um dos pricípios chave do Rugby. Estas disputas ocorrem durante o jogo e de formas variadas :

- no contacto
- no jogo aberto
- quando o jogo recomeça através de formações ordenadas, alinhamentos e pontapés de saída ou recomeço.

As disputas estão balanceadas de tal modo que recompensem as capacidades técnicas demonstradas nas acções anteriores. Por exemplo, a uma equipa forçada a pontapear a bola para além das linhas laterais devido á sua inabilidade para a manter em jogo, é negado o lançamento da bola para o alinhamento subsequente.
Do mesmo modo, à equipa que passa ou toca a bola para a frente é negado o direito de a introduzir na formação seguinte. A vantagem deve então ser concedida à equipa que lança ou introduz a bola, apesar de , e também nestas áreas de jogo, que a sua posse seja disputada de um modo leal.

É o objectivo da equipa na posse da bola manter a sua continuidade negando ao adversário a sua posse e, através de acções de boa técnica, avançar no terreno e marcar pontos. Falhar este objectivo significa dar a posse da bola ao adversário quer através de deficiências por parte da equipa que detinha a posse da bola, quer por boa qualidade da defesa adversária. Disputa e continuidade, ganhos e perdas.

Enquanto uma equipa tenta manter a continuidade da posse da bola, a equipa adversária esforça-se por disputar a sua posse. Isto origina o balanço essencial entre continuidade do jogo e continuidade de posse de bola. O balanço entre disputa e continuidade aplica-se quer às formações quer ao jogo aberto.

PRINÍPIOS das LEIS do JOGO

Os princípios em que se baseiam as Leis do Jogo são :

Um Desporto Para Todos

As Leis do Jogo possibilitam a jogadores de diferentes estrutura fisica, capacidades, sexo e idade a participação no jogo de acordo com as suas capacidades de um modo controlado, competitivo e agradável. É dever de todos aqueles que jogam Rugby ter um conhecimento completo e a devida compreensão das Leis do Jogo.

Manter a Identidade

As Leis aseguram que as caracteristicas diferenciadas do Rugby sejam mantidas através de formações, alinhamentos, “ mauls”, “ rucks “, pontapés e recomeços do jogo. E também as situações chaves para contestar a posse da bola e a continuidade – o passe para trás e a placagem ofensiva.

Diversão e Entretenimento

As Leis proporcionam a estrutura para um jogo agradável quer para jogador quer para o espectador. Se, em alguns casos, estes objectivos parecem ser incompatíveis, diversão e entretenimento são realçados permitindo aos jogadores assumirem as suas destresas técnicas. Para se conseguir um balanceamento correcto, as Leis estão sob revisão constante.

Aplicação

É uma obrigação dominante para os jogadores seguir as Leis e respeitar os princípios do” fair play”.

As Leis devem ser aplicadas de modo a assegurar que o jogo é jogado de acordo com os Pricípios do Rugby. O árbitro e os juízes de linha devem alcançar este objectivo através da imparcialidade, da consistência, da sensibilidade, e ao mais alto nível, da sua gestão. Por outro lado é responsabilidade dos treinadores, capitães e jogadores, respeitar a autoridade dos árbitros e juizes de linha.

CONCLUSÃO

O Rugby é apreciado como um desporto para homens e mulheres, rapazes e raparigas. Constroi espirito de equipa, compreensão,cooperação e respeito pelos camaradas jogadores. Os seus alicerces são, como sempre foram, o prazer de participar , a coragem e a técnica que o jogo exige ; o amor por um jogo de equipa que enriquece as vidas de todos nele envolvidos ; e a amizade forjada através de um interesse comum pelo jogo.

É devido à , e não apesar da, intensidade fisíca do Rugby e às suas carcteristicas atléticas que tal camaradagem existe antes e depois do jogo. As longamente estabelecidas tradições de jogadores de diversas equipas adversárias, apreciarem o convivio entre eles fora do campo e num contexto social, continua a ser um aspecto essencial do jogo.

O Rugby abarcou totalmente a era profissional, mas reteve o seu “ethos” e tradições de um jogo de recreação. Num tempo em que muitas qualidades tradicionais desportivas são diluidas ou mesmo contestadas, o Rugby está orgulhoso de poder reter os seus altos standards de espirito desportivo, comportamneto ético e “ fair play”.

Espera-se que esta Carta possa reforçar estes apreciados valores.

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